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Andreas Kisser e Max Cavalera. Crédito: Reprodução/Facebook e Divulgação

Andreas Kisser e Max Cavalera. Crédito: Reprodução/Facebook e Divulgação

Andreas Kisser relembra ruptura e diz que Max “brinca de ser Sepultura”

Guitarrista ainda diz que os irmãos Cavalera “nunca brigaram por nada, simplesmente assinaram os papéis e saíram”

Em entrevista ao canal 100 SegredoAndreas Kisser revisitou um dos capítulos mais controversos da história do Sepultura. O rompimento com a empresária Glória Cavalera e a posterior saída do vocalista Max Cavalera, em 1996.

Segundo Andreas, o desgaste começou quando Glória passou a representar exclusivamente os interesses do marido, criando uma divisão explícita dentro da banda.

Kisser afirmou que Max já se via como figura central do grupo e reagiu mal à decisão de não renovar o contrato com Glória ao fim do acordo. Ele lembrou episódios simbólicos da época, como momentos em que Max e a empresária circulavam com privilégios, enquanto o restante da banda seguia em outra dinâmica. Para Andreas, esse favorecimento reforçava a sensação de que havia “os três de um lado e Max do outro”.

“Max e a Glória sempre gostaram disso, dessa coisa mais glamour, vamos dizer assim, o rock and roll, né? Essa coisa de hotéis e room service e coisas mais desse desse naipe. E ficou uma coisa esquisita porque é muito difícil você julgar, porque o meu ponto de vista é só o meu ponto de vista sobre o mesmo evento, eles vão ter o deles. O Igor vai ter o dele, o Paulo tem outro. E e é uma discussão que não leva a lugar nenhum, né, de falar: ‘Ah, eu tô certo, tô errado’. Aconteceu, cada um teve a sua escolha. E o Max resolveu sair da banda porque o nosso contrato com a Glória acabou”, confessou Andreas [transcrição via Mundo Metal].

O guitarrista citou ainda decisões unilaterais, como capas de discos que traziam o filho de Max como se fosse um símbolo da banda, sem participação dos outros integrantes. “A Glória não estava representando a banda mais. Só estava representando o Max e os interesses dele. Tanto é que realmente essa coisa da limusine, apesar de ter sido uma coisa tão comum lá em Phoenix, foi uma coisa que cresceu depois. Depois ele teve o ônibus dele, o camarim dele, é uma coisa que separava a banda. A Glória começou a separar as coisas, era os três e o Max de um lado. O Max aparece em capa de disco com o filho dele, qual o sentido disso? Coisas que a gente não participava, porque era uma coisa entre ele a a Glória, entre imprensa, entre gravadora e a gente ficava meio na berlinda”.

Saída de Max Cavalera

A ruptura definitiva ocorreu em 16 de dezembro de 1996, após o show no Brixton Academy, quando Andreas, Iggor Cavalera e Paulo Xisto comunicaram formalmente que buscariam uma nova representação profissional. Max não compareceu à reunião e optou por deixar o Sepultura logo em seguida.

“O Max não foi nessa reunião, vai saber porquê, né? E a gente apresentou a nossa, [ideia] ‘nós queremos mudar a representação da banda, a gente quer isso e quer organizar essa coisa, deixar mais profissional e não tão emocional e parcial como está’. E obviamente aconteceu o que aconteceu. Eles não aceitaram essa mudança e saíram”, relembrou.

Kisser destacou que ninguém expulsou o vocalista, apenas desligaram a Glória . Mesmo assim, Max e a empresária saíram juntos e imediatamente iniciaram o Soulfly, usando a mesma equipe criativa de Roots. O guitarrista afirma que a mudança trouxe renovação ao Sepultura, enquanto vê Max preso ao passado.

“Usaram o mesmo estúdio, usaram o mesmo produtor Ross Robinson, usaram o mesmo mixer Andy Wallace, que a gente usou no Roots. E a gente teve que procurar tudo novo, né? Novo empresário, novo produtor, tudo novo, o que foi excelente pra gente. Você vê que o Max está até hoje patinando no Roots. Está sempre falando a mesma coisa, sempre falando sobre isso e não sei o quê. Parece que está preso num vórtex do tempo, sabe? Tentando, sei lá… É muito esquisito. E, acho que falta um pouco de terapia também. Tem que cuidar da cabeça um pouco. Eu vou dizer que me incomoda um pouco.”

Andreas Kisser elogia Iggor Cavalera mas critica Max

Para ele, o paradoxo permanece: “Max saiu do Sepultura, mas o Sepultura não saiu dele”. Ainda assim, Andreas reforça que prefere seguir adiante, enquanto cada um escolheu seu próprio caminho.

“É bizarro e paradoxal. Porque eles escolheram sair da banda. Ninguém foi mandado embora. Quem foi mandado embora foi a Glória só. A empresária. E eles escolheram, e, inclusive nunca brigaram por nada. Simplesmente assinaram os papéis e saíram. Viraram as costas literalmente e foram embora. Para ficar fazendo o que fazem, meio que parece que fica brincando de ser Sepultura. E, tem uma carreira solo, o Igor faz coisas incríveis, paralelamente ao Sepultura, artisticamente fantásticas. Além disso, é fora de circuitos, fora de caixas, eu acho sensacional isso. Enquanto que o Max está preso na própria caixa, fazendo sempre a mesma coisa e falando as mesmas coisas e etc. Eu tenho muito mais o que fazer do que ficar me preocupando com isso. Não é uma coisa que me incomoda. Cada um escolhe o seu caminho.”

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