Infelizmente, dentro do Metal, ainda vemos muito desrespeito às mulheres”

Hoje é dia internacional da Mulher. E o que isso significa?

Viemos aqui para lembrar que o dia 8 de Março não é uma data comemorativa. É uma data de luta. Luta por mais espaço. Mais respeito. Maior representatividade.

Estamos aqui para dizer o que a maioria já sabe mas o que muita gente ainda insiste em não ver. Infelizmente, dentro do Metal, ainda vemos muito desrespeito às mulheres.

A gente vive na sociedade que cresceu aprendendo a esperar mulheres frágeis e delicadas. E talvez por isso exista tanta resistência quando as mulheres do Rock e do Metal batem de frente com essa ideia.

Para quem insiste em dizer que a falta de representatividade não existe, e que a falta de interesse é das mulheres, vamos pegar dois exemplos de entrevistas que fizemos. Em uma entrevista ao Wikimetal em 2014, a Fernanda Lira do Nervosa falou para a gente: “Tem diferença sim, as pessoas não são mulheres tocando Thrash Metal para saber que existe essa diferença. Mas existe principalmente na reação do público, a gente sente que a gente sempre precisa conquistar, a gente sempre precisa provar alguma coisa”.

A Mia Coldheart, do Crucified Barbara, conversou com a gente lá em 2012 e falou de algo ainda mais absurdo; a resistência das pessoas não só em ouvir o Metal de uma banda exclusivamente de mulheres, mas da incredulidade de ouvintes, que ainda não sabem ‘se é você mesmo tocando no álbum’. Falando em Crucified Barbara, as suecas lançaram em 2014 uma ótima música falando sobre a violência contra mulheres na sociedade, “To Kill A Man“, parte do último álbum delas, “In The Red”.

Vamos aproveitar o dia 8 de Março para pedir uma reflexão pessoal de cada um”

Orgulhamo-nos em dizer que a presença feminina no Rock tem crescido, e muito! Mas infelizmente a resistência e a visão parcial ainda existem. Se é para fazer um pedido hoje, é por menos preconceito, pelo fim do machismo que recheia timelines, posts, e comentários que pipocam por aqui e por ali na internet.

No começo do ano publicamos uma notícia em que a vocalista do Lacuna Coil Cristina Scabbia falou sobre o conservadorismo do Metal em relação à presença feminina. O post da notícia na nossa página do Facebook foi um grande exemplo do problema; o quanto as pessoas ainda vivem em negação e resistência em admitir um problema.

E isso a gente ainda vê de monte.

Vamos falar claramente: por que notícias que envolvem bandas com mulheres são recheados de comentários que dizem respeito as aparências? Imagina só se os comentários em nossos posts sobre o James Hetfield fossem “gostoso”, “toca bem, mas é feio” ou “gordo”. Vamos parar para pensar nisso?

Vamos aproveitar o dia 8 de Março para pedir uma reflexão pessoal de cada um, para lembrar que, apesar de termos avançado muito, temos um longo caminho pela frente. Pela desconstrução do machismo. Pela equidade de gêneros no Metal.

*Este texto foi elaborado por Julia Sabbaga.

Categorias: Opinião