Grandes representantes do grunge e do heavy metal brilharam no festival Solid Rock

O Solid Rock desse ano fez uma escolha ousada. Unir numa mesma noite duas bandas gigantes de dois subgêneros diferentes do rock. O Alice In Chains talvez seja a grande remanescente do grunge noventista. Já o Judas Priest é uma lenda do heavy metal. Seu frontman, Rob Halford, foi o primeiro a dizer “nós somos heavy metal”. Também foi o primeiro do metal a assumir a homossexualidade. Um dos mais revolucionários da cena.

Ainda que sejam importantíssimas, os públicos das duas bandas poderiam não se conversar. Essa foi uma dúvida que continuou forte quando a venda de ingressos foi abaixo do esperado. Dentro do Allianz Parque, porém, o cenário era outro. Fãs das duas bandas, e do Black Star Riders (que abriu a noite), se misturavam no gramado e nas arquibancadas do estádio.

A maioria queria mesmo assistir ao Judas Priest, mas quando o Alice In Chains de Jerry Cantrell subiu no palco, os metaleiros foram se rendendo aos poucos. William DuVall, que assumiu os vocais depois da morte de Layne Staley, falou em português decente o quanto estava feliz de voltar ao Brasil. E a relativamente nova “Check My Brain” abriu o show já com moral de clássica.

A performance do vocalista é impecável. DuVall não perde a simpatia mesmo quando demonstra a marra inerente ao grunge. A banda mandava um hit atrás do outro. “Them Bones”, “Dam That River”, “Hollow”, “Down In a Hole” e “No Excuses” vieram juntas.  O baterista Sean Kinney e o guitarrista e fundador Jerry Cantrell escorregaram em um outro tempo nos solos, mas nada que atrapalhasse o belo show.

“Man in The Box” fez o estádio todo cantar, mesmo quem não conhecia nada do que tinha sido tocado até ali. Os pesados riffs de guitarra e as distorções iam embalando o público até a trinca final de “The One You Know”, “Would?” e “Rooster”, que fez uma constelação de celulares brilharem com seus flashes acesos.

O estádio começou a encher mais e mais enquanto a noite caía. A pista normal, reduzida por causa da imensidão da pista premium, já não comportava a multidão. Quando “War Pigs” do Black Sabbath tocou nas caixas de som, era o Judas Priest que se anunciava. O set começou com “Firepower”, do último álbum. No momento em que “Grinder” começou, o público já estava enlouquecido. Pequenos mosh pits se formavam na pista.

O deus do metal, Rob Halford parecia trocar de figurino a cada duas músicas. Da jaqueta prateada brilhante e bota de plataforma para a jaqueta e bota de couro. O alcance vocal de Halford é impressionante. Ele ia do grave aos berros altíssimos sem praticamente nenhum esforço. Andy Sneap e Richie Faulkner se revezavam nos solos em músicas como “Lightning Strike” e “Turbo Lover”.

Além das técnicas impressionantes, um diferencial do Judas Priest é a veia performática. Solos com dancinhas dos músicos, berros de Halford ajoelhado no chão, o vocalista empunhando uma espada rosa como se lutasse com um dragão medieval de purpurina. Tudo culminando com a entrada de Halford de moto no palco pra cantar “Hell Bent for Leather”. Usando um quepe de motorista, roupas de sadomasoquismo e um chicote na boca.

Com o público totalmente envolvido com o espetáculo, era só o vocalista apontar o microfone para fora do palco que todo mundo berrava a letra de clássicos como “Painkiller” e “Breaking The Law”. Fechando com chave de ouro, e mais gritos impressionantes de Halford, “Living After Midnight” e uma mensagem nos telões: “The Priest Will Be Back”, o Priest voltará. Mal podemos esperar.

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