Fãs de todo o estado viajaram para prestigiar o evento na capital

Eis uma breve contextualização sobre os astros da noite: sinônimo de heavy metal, assim como os lendários compatriotas do Iron Maiden e do Judas Priest, o Saxon é da mesma época, traz as mesmas referências e, com frequencia, soa igualmente grandioso. Em termos comerciais, simplesmente não tiveram a mesma sorte. E, mesmo relegados estritamente ao prestígio junto a mídia especializada, o Saxon tem levado ao mundo, por mais de 4 décadas, uma performance estritamente focada nos elementos clássicos do gênero.

No dia 13 de março de 2019, a José do Patrocínio recebeu vans de todas as partes do estado. Eram os fãs do Saxon que desembarcavam para ver Biff Byford (vocal), Paul Quinn (guitarra), Doug Scaratt (guitarra), Nibbs Carter (baixo) e Nigel Glocker (bateria), pela primeira vez em solo gaúcho.

A banda subiu ao palco ás 21h em ponto, abrindo o show com a “Thunderbolt”, faixa título do excelente disco mais recente dos britânicos. Com um minuto de música, o quinteto já mostrava a que vinha, trazendo muita potência e deslumbrando o público vidrado.

Aos gritos da plateia, Byford manda um inglês carregado de sotaque, e levou um tempo para que ele e o público de fato conseguissem se entender.

A banda trouxe um apanhado de riffs tipicamente “metal motocicleta” hinos como “Wheels of Steel”, “Denim in Letter” e “Backs to the Wall”. Sons que servem de exemplo para diferenciar a pegada clássica do Saxon, mais situada no blues-based rock n’ roll, do speed metal largamente melódico que a banda pratica nos dias de hoje, a exemplo de “They Played Rock n’ Roll”, canção em homenagem ao Motörhead que também esteve no set.

Ao botar o microfone para o público cantar, a banda recebia o excelente feedback do público. Enquanto o Saxon provava ser uma banda de grandes riffs e solos matadores, Biff conduzia a noite na postura majestosa de um general no front. “Frozen Rainbow”, com seus tons intimistas, trouxe um momento de descanso para o público, mesmo com a bateria exigentemente sobre o clique, a qual recebeu os devidos aplausos no final da canção.

Em dado momento, Biff recitou alguns títulos clássicos da banda, como “Motorcycle Man” e “Dogs of War”. O que parecia um teste para os fanáticos revelou-se como um momento para os fãs escolherem as próximas músicas. Os fãs, porém, responderam com o mesmo entusiasmo a todas, e a banda seguiu com “Ride Like the Wind”, “Broken Heroes” (com uma finalização absurdamente épica) e a própria “Motorcycle Man”.

O refrão sedutor de “Strangers in the Night” foi um dos pontos altos da noite. Um clássico oitentista que, no disco chega a soar magrinha (heresia!) perto da força que ganha no palco. Por vezes, quando não assinava LPs que flutuavam pela plateia até chegar ao palco, Biff tirava o celular do bolso para registrar a festa com a legião de fanáticos que lotaram (mas não esgotaram) o espaço físico do Bar Opinião. Roubaram a cena também os clássicos absolutos “Power and the Glory” e “Crusader”, além da excepcional “Lionheart”, com uma introdução atmosférica arrepiante, certamente um dos grandes temas da fase “moderna” do Saxon.

Fechando o set, uma aula de heavy metal clássico com a estrondosa ”Dallas 1PM”, com um riff que envolveu e entreteve a plateia, além de partes melódicas emocionantes enquanto o clássico som de megafone relembrava a morte de John F. Kennedy. A banda deixa o palco mas o público exige retorno imediato!

O grupo voltou com dois hinos na manga, o petardo “Heavy Metal Thunder” e “Never Surrender”. Apesar dos mais de 40 anos de estrada, o Saxon mostrou aquilo que faz deles monstros do heavy metal. O instrumental impecável, nota sobre nota, toma de arroubo a atenção do expectador mais desconectado, mas é a figura, a voz e o carisma do experiente Biff Byford, com seu timbre arranhado e agudo e com entrega autoritária, que mantem o público na palma da mão. Após esse presente, o Saxon merece todo o descanso do mundo, ainda que, para a sorte dos fãs, eles não tenham deixado o palco do Bar Opinião com jeito de quem vai parar tão cedo. They too play rock’n roll!

Texto por: Rust Costa Machado

Fotos: Daniela Cony

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