Mesmo com a chuva que caiu em São Paulo, e que derrubou a eletricidade no bairro onde a apresentação aconteceria, a casa Tropical Butantã lotou de headbangers ávidos para assistirem ao show de Max e Iggor Cavalera. O ambiente mostrava a diversidade entre os fãs de Heavy Metal. Não importava a idade, o gênero, a orientação sexual, nem a maneira de se vestir. O objetivo era apenas celebrar um dos pontos altos de dois dos maiores expoentes do gênero no Brasil.

Afinal, a Max & Iggor Cavalera 89/91 Era é uma turnê em comemoração a trabalhos sólidos, que ajudaram a catapultar o Heavy Metal brasileiro para o resto do mundo. Beneath The Remains e Arise, respectivamente o terceiro e o quarto discos de estúdio do Sepultura, banda da qual os irmãos participaram em formação clássica.

Boa parte do público trajava camisetas de bandas pelas quais os músicos já passaram: Sepultura, obviamente, e mais Soulfly, Cavalera Conspiracy e Nailbomb. O que alçava o show a uma espécie de culto a duas lendas vivas da música internacional. Não é por acaso que a dupla passou por outros países como Rússia, Inglaterra, Alemanha, Bélgica e Estados Unidos.

Quando os irmãos subiram ao palco, por volta de 23:30 da noite, o clima era de total louvor. O que se ouvia da plateia eram gritos e expressões de êxtase de pessoas que mal podiam acreditar estarem presentes naquele evento. Era como um flashback dos anos dos Cavalera a frente do Sepultura.

“Eu fui no primeiro show do Derrick (Green, atual vocal da banda). Ele é bom. Mas quando eu ouvir a voz do Max eu vou chorar aqui”, confessou um dos fãs. E logo a voz de Max fez-se ouvir. Começando já com a porrada de “Beneath The Remais”, a setlist foi dividida entre os dois álbuns da comemoração, pela ordem de lançamento.

Os sucessos vieram enfileirados: “Inner Self”, “Stronger Than Hate”, “Mass Hypnosis”, “Primitive Future”, “Slaves of Pain”. Depois disso, vieram as músicas do Arise, começando com a faixa-título seguida por “Dead Embryonic Cells”, “Desperate Cry”, “Altered State” e “Infected Voice”.

O público cantava todas em uníssono. Gritavam as palavras de ordem e formavam um mosh pit a cada nova música. O tom não diminuía nem com os covers “Orgasmatron” e “Ace Of Spades”, do Motörhead. Em compensação, os irmãos mostraram estar em excelente forma. A bateria insana de Iggor não descansava e Max criava o maior vínculo com a plateia, tocando e berrando como se não fizesse nenhum esforço.

O lugar veio abaixo com “Roots Bloody Roots”, depois do intervalo. Ao fim, a sensação que ficava era de todos terem presenciado algo especial. Pessoas tão diferentes unidas pelo metal. Unidas pela música. Foi mesmo a fala de Max Cavalera logo no começo do show que deu a letra sobre aquela noite. “Nós somos mais fortes do que o ódio. O metal é mais forte do que ódio”.

Fotos por: Mila Maluhy

LEIA TAMBÉM: Max Cavalera fala sobre a corrupção no Brasil

Categorias: Resenhas