Escrevi para o Zakk ‘Se você precisar alguma hora de um guitarrista, é só me avisar’. E ele respondeu.”

Wikimetal (Daniel Dystyler): OK, Nick, eu estou pronto aqui.

Nick Catanese: Está bem, cara.

W (DD): Nick, em primeiro lugar, eu gostaria de te agradecer por tudo o que você vem fazendo pelo rock e pelo heavy metal, é uma verdadeira honra ter você aqui no nosso programa, então em nome de todos os Headbangers brasileiros, nós gostaríamos de dar boas vindas ao “Evil Twin” no Wikimetal.

NC: Ah, definitivamente, cara. Eu estou feliz de estar aqui.

W (DD): Excelente. Esse é o nosso centésimo episódio, então vai ser ótimo. É muito bom ter você e o Black Label e o Zakk aqui no nosso programa. Eu vou começar perguntando, antigamente, quando você começou, quais foram as principais influências que fizeram com que você quisesse tocar guitarra e formar uma banda de heavy metal?

NC: Bom, os primeiros três álbuns que eu ganhei, quando eu tinha provavelmente 6 ou 7 anos, a minha tia me deu o “Alive!”, do Kiss, “Weekend Warrior”, do Ted Nugent, e “A Day at the Races”, do Queen, então eu comecei muito pra valer, não foi tipo “Muppet Babies” nem nada assim. Foi “Alive!” do Kiss, então… E aí, sabe, no jardim de infância, eu tinha uma lancheira do Kiss, e as outras pessoas tinham, tipo, Caco, o sapo, e eu tinha o Gene Simmons cuspindo sangue, sabe? Era… assim. Mas, sim, sabe, foi isso que me fez… Sabe, sempre tinha música por perto, meu avô tocava tudo, desde piano até baixo, guitarra… E na verdade foi ele que me deu minha primeira guitarra. E, sabe, a primeira vez que eu ouvi Van Halen, foi… Isso me fez querer tocar, sabe, só de ver… Mesmo a capa, ele segurando aquela guitarra listrada, e sabe, ouvir “Running with the Devil”, e daí, claro, “Eruption”, e tudo mais, é… Foi mais ou menos isso, isso me deixou obsecado.

W (DD): Muito bom, muito bom. É uma bela forma de começar. E falando sobre os velhos tempos, você se lembra da primeira vez que você falou com o Zakk, e como vocês se conheceram?

NC: Sim, foi em 1996. Eu não vi um anuncio nem nada, não tiveram anúncios nem nada assim, na verdade eu tinha saído da banda que eu tocava, em Pittsburg, eu estava, sabe, meio ferrado. Basicamente, eu pensava “Eu vou fazer aula de informática”, e sabe, eu sempre toquei guitarra, mas eu queria fazer aula de informática. E uma noite eu vi, na revista Metal Edge, eu vi o endereço do e-mail do Zakk, e isso foi logo quando o e-mail surgiu, foi em 1996, então era uma coisa grandiosa. Então eu vi o endereço do e-mail dele, e sabe, o Zakk é obviamente um dos meus heróis, e eu falei para um amigo meu, eu disse “Isso vai ser engraçado, olha isso.” E eu escrevi para ele, eu disse “Se você precisar alguma hora de um guitarrista, é só me avisar, eu moro em Pittsburg.” E foi isso. E alguns dias depois, eu recebi uma resposta, ele disse “Na verdade, eu preciso sim para o Book of Shadows Tour”. E então eu mandei uma fita para ele, com uma foto, e ele me ligou duas semanas depois e veio para Pittsburg e nós nos conhecemos e tocamos juntos, e isso já faz 16 anos, então…

W (DD): Uau, isso é incrível! Incrível que isso começou com um e-mail.

NC: É, sabe, o click de um mouse mudou a minha vida.

entrevista nick catanese

Era um círculo de admiração, eu falava ‘O seu pai é o Paul Stanley!’ e ele falava ‘É, você toca no Black Label!’”

W (DD): Muito legal. E já que você mencionou o “Book of Shadows Tour” você pode compartilhar algumas lembrar desse trabalho com o Zakk?

NC: Ah, cara, foi legal. Quer dizer, foi difícil, nós rodamos 16 mil milhas em dois meses em um Astra, cara. Quer dizer, foi tipo, sabe, sem chefe, sem nada. Fui eu, o Zakk, um gerente da turnê e um gerente de palco. E eu dirigia algumas vezes, eles dirigiam, eu montava a aparelhagem, e sabe, ajudava… Basicamente ganhando experiência, sabe, e só… Nós ralamos durante 96, 97 e daí em 98 o Black Label começou, então…

W (DD): Muito bom. Nick, nós temos uma pergunta clássica no nosso programa, que nós fazemos a todos os convidados, que é, imagine que você está ouvindo o seu iPod no modo aleatório, ou você está ouvindo uma estação de rock enquanto você dirige o seu carro, e de repente, uma música de heavy metal começa a tocar, que faz você perder a cabeça e começar a headbangear imediatamente, independente de onde você esteja, você não consegue se conter. Que música seria essa para que nós possamos ouvi-la no programa agora?

NC: Provavelmente… Essa é uma boa pergunta. Deixe-me pensar… Sabe qual? Provavelmente “Becoming”, do Pantera, ou “Cowboys from Hell”, ou… Toque “Becoming”! “Becoming” é o máximo.

W (DD): Excelente, “Becoming”, do grande Pantera.

NC: É!

W (DD): E como é ter um modelo próprio de uma Paul Reed Smith feita só para você? E o modelo de 2012 tem alguma coisa de diferente?

NC: Ah, é uma honra. Sabe, poder fazer parte dessa empresa e, sabe… Até as Washburns que eu tinha antes, sabe… Qualquer coisa… Quer dizer, ter o seu nome em uma guitarra é… É uma loucura! Quando você abre a caixa e tem o seu nome escrito, é tipo “Uau!”, isso é maluco. Mas fazer parte da PRS… Sabe, eles fazem produtos de altíssima qualidade, a minha… Sabe, as guitarras que eles lançaram são as SEs, e elas custam mais ou menos 700 dólares nas lojas, e essa é a mesma guitarra que eu us ao vivo, sabe, eu não tenho uma diferente. Eu poderia basicamente entrar em uma das lojas, escolher uma da parede e usar essa. E é essa que eu uso. Mas, basicamente, a única diferença do modelo de 2012 é que a primeira era preta, com o meu logo e detalhes em vermelho. Essa é vermelha com chamas, cromada, basicamente toda vermelha e cromada. E ela soa incrível, sabe, ainda tem o mesmo formato, e eu estou muito feliz com ela, sabe, então eu espero que as pessoas curtam também, então…

W (DD): Demais. Nick, eu ouvi dizer que o filho do Paul Stanley é um grande fã seu… Como você ficou sabendo disso?

NC: Ah, na NEM. Quando eu estava com Washburn, o Paul Simon com Washburn, e ele e o Evan vieram para a NEM, e eu fui apresentado ao Paul, o que me deixou louco, sabe, porque eu pensava “Esse é o cara… É o cara do primeiro álbum que eu ganhei.” Poder falar com ele, e… Sabe, é um cara muito, muito legal. E o filho dele era demais. Basicamente, foi um sonho realizado. Sabe, conhecer o Paul Stanley, e aí descobrir que o filho dele curte Black Label… Foi meio um momento Twilight Zone, sabe… Era um círculo de admiração, eu ficava falando “O seu pai é o Paul Stanley!” e ele falava “É, você toca no Black Label!”, e eu falava “Sim, mas o seu pai é o Paul Stanley! Você entende isso, certo?” Isso foi incrível, cara. Mas eu tirei fotos de nós três, e é legal cara, são memórias incríveis.

entrevista nick catanese

O que eu fiz com o Speed X, foi admirável, porque eu estou acostumado a olhar para o lado e ver Zakk e JD. Nesse caso, você está fora do seu elemento.”

W (DD): Isso é ótimo, obrigado por compartilhar essa história incrível. Você está fazendo alguma coisa além do seu trabalho com o Black Label? Eu realmente adoro o álbum do Speed-X que você lançou anteriormente…

NC: Obrigado, cara, muito brigado. No momento, sabe, eu estou compondo com algumas pessoas. E assim que a gente acabar a turnê na América do Sul, sabe, eu vou pra casa no dia 26, então eu vou poder ficar o fim de novembro e dezembro inteiro em casa, sabe, vamos poder comemorar os feriados, e ano passado eu só cheguei em casa no dia 17, então foi um natal muito corrido para mim, então esse ano eu posso realmente aproveitar os feriados, então eu acho que vou fazer isso. Mas, sabe, você continua compondo e… É difícil, cara, quer dizer… Quando você senta e olha para, sei lá, o Slash e o Zakk e as pessoas que tentam fazer alguma coisa por conta própria, é difícil, sabe. É uma jornada difícil, e é admirável. Sabe, os shows que eu fiz com o Speed X, foi admirável, porque eu estou acostumado a olhar para o lado e ver o Zakk, o JD, e nesse caso, você olha para o lado e você está fora do seu elemento, sabe? É difícil, cara, mas mesmo assim, é… É legal. Mas, sabe, eu estou pensando nisso, eu estou pensando em até fazer algumas aulas, sabe? Só para aprender mais sobre os diferentes estilos de tocar, essas coisas. Então tem muita coisa para aprender.

W (DD): Definitivamente, definitivamente. E olhando para esses quase 15, 16 anos na estrada com o Black Label, quais vocês consideraria os maiores acontecimentos, ou os pontos altos da sua carreira, que você nunca vai se esquecer?

NC: Bom, poder tocar com o Zakk, e ser o guitarrista que me fez ter um emprego por 16 anos. Sabe, é isso. Eu fui basicamente o único guitarrista com quem ele tocou, sabe? Ele já tocou com algumas pessoas sim, mas em relação à fazer parte de uma banda, ele sempre esteve sozinho, mas… Obviamente isso, e poder ver lugares que as pessoas têm que ganhar programas de TV para ver. Sabe, poder ver o Vaticano, poder ver o Coliseu, vir para a América do Sul, quer dizer… Algumas pessoas nunca saíram nem do seu próprio jardim, sabe… Poder ver o mundo… Ser amigo do Dime, sabe, poder chama-lo de amigo… Ele era um cara muito legal e… Tem muita coisa, cara, é difícil escolher uma só, sabe… Depois de 16 anos, é meio que… São muitas lembranças.

W (DD): Sim, boas lembranças e muitas conquistas e acontecimentos.

NC: É.

W (DD): Você poderia escolher uma música que você compôs ou gravou que você tem muito orgulho, para que nós possamos ouvi-la agora?

NC: Estou pensando… Você tem alguma coisa do Speed X?

W (DD): Sim, nós temos.

NC: Que tal “Fly”?

Toque porque você quer tocar, toque porque você ama, toque porque isso te faz feliz.”

W (DD): Excelente, excelente, “Fly”, do Speed X. Nós estamos chegando no final da nossa entrevista, Nick, mas antes de te liberarmos, que conselho você daria para um garoto que está pensando em formar uma banda ou começar a tocar guitarra?

NC: Comece sabendo que não vai ser fácil, sabe? É preciso muito trabalho, muita paciência, mas se você ama isso, então não se torna trabalho. É passar a parte que os seus dedos doem, ou que você fica frustrado por não conseguir mudar de uma corda para outra, ou o que seja. Mas assim que você supera isso, é tipo… É provavelmente a melhor coisa que você poderia fazer. Mas tenha muita garra, e toca pelos motivos certos. Toque porque você ama tocar. Não entre achando que você vai se tornar um milionário, não entre pensando que você vai ter uma mansão e tudo isso, porque você vai se decepcionar. Toque guitarra porque você ama tocar. Sabe, é por isso que todo mundo deveria… Se você for tocar guitarra, tem que ser por isso, porque você ama música, sabe, criar música… Tem pessoas que começam, pessoas que eu ouvi dizer “Ah, eu comecei a tocar guitarra por causa das mulheres”, ou “Eu comecei a tocar…” Isso é idiotice. A música deve ser a razão pela qual você começa a tocar. Essa é a razão, mas, sim, para quem está começando: toque porque você quer tocar, toque porque você ama, toque porque isso te faz feliz.

W (DD): E se eu fosse deixar você escolher só uma dessas coisas, o que seria: a trilogia Star Wars, ou um Snapple?

NC: Ah, meu Deus! Ah, meu Deus… Ah, teria que ser o Star Wars, porque, sabe, o Snapple é uma coisa agradável, mas Star Wars é praticamente a minha… Quer dizer… Nossa, cara, eu me lembro de ter… Sim, era em 77… Eu me lembro de andar por uma loja de departamento com a minha mãe, e ver uma camiseta do Darth Vader, antes mesmo de saber o que isso era, eu pensei “Eu não sei o que é isso, mas eu quero.” E daí, é claro, eu fui ver o filme e o Darth Vader apareceu naquela primeira cena, e eu pensei “Esse é o cara”, sabe. A partir daí virou praticamente um estilo de vida. E é muito louco, porque a minha noiva nunca assistiu. Eu penso “Caramba! Você é a minha noiva, e você nunca viu Star Wars” sabe? Isso que é amor, cara. Isso é amor, pode acreditar, e ela fala “Eu vou ver, eu vou ver!” Mas sim… E agora eles estão falando… Eu acho que o Lucas vendeu para a Disney, então eu fiquei tipo… Eu estou tentando digerir isso, mas nunca se sabe, quer dizer, se eles lançarem outro episódio, pode ser bom. Eu estou curioso para ver, mas… É claro que a melhor coisa seria Star Wars com um Snapple.

W (DD): Está certo, Sr. Nick Catanese, você foi tão simpático, que eu vou deixar você ficar com os dois.

NC: Obrigado, você é o cara!

W (DD): Muito bem. Só para terminar, você poderia por favor deixar uma última mensagem para todos os fãs do Wikimetal e do Black Label que estão ouvindo, e convidar todo mundo para o show em São Paulo, no dia 25 de novembro?

NC: Ah, definitivamente, cara. Você vai no show?

W (DD): Definitivamente, definitivamente nós estaremos lá.

NC: Você tem que se apresentar, cara, para que possa te conhecer pessoalmente.

W (DD): Eu vou, definitivamente.

NC: Todo mundo tem que vir e se divertir, nós vamos tentar fazer um show de arrasar para vocês, e vamos nos divertir, então nos vemos em breve.

W (DD): Excelente, Sr. Nick Catanese, aqui no centésimo episódio do Wikimetal, muito obrigado, Nick. E conte conosco para tudo o que você precisar para promover o Black Label, e para qualquer coisa que você fizer no futuro, você pode contar conosco aqui no Brasil.

NC: Muito obrigado, significa muito para mim.

W (DD): Muito obrigado. Tchau, Nick.

NC: Legal, nos vemos logo.

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