O que acontece é que poucos paquistaneses ouvem metal. Então nós meio que fizemos o álbum nós mesmo, nós o lançamos no mercado, nós o promovemos.”

Wikimetal (Daniel Dystyler): Oi, Hashim, como você está?

Hashim Mahmood: Eu estou bem, excelente.

W (Nando Machado): Olá Hashim, é muito bom falar com você.

HM: É muito bom falar com você também. E eu estou com o Tayyab aqui, o vocalista.

Tayyab Rehman: Oi, aqui é o Tayyab.

HM: E eu estou com o guitarrista, Mubbashir Sheikh Mashoo, vocês podem chamar ele de Mashoo.

W (NM): OK, Mashoo.

HM: E o Daim Mahmood e o Saad Javed também, o baixista. E o Daniel já falou com o gerente.

W (DD): OK, então quase toda a banda está aí com você, certo?

HM: Sim.

W (NM): Eu estou muito impressionado com o inglês de vocês, como vocês aprenderam a falar inglês?

HM: É bom?

W (DD): Nós estamos impressionados, é muito bom.

W (NM): É muito bom.

HM: Sim. Os paquistaneses são muito bons em inglês. Nós falamos com um sotaque ruim. Vocês tem um sotaque bom.

W (NM): Você poderia gravar uma ID em paquistanês? Tipo “Você está ouvindo Wikimetal” em paquistanês?

HM: Claro. (Frase em paquistanês)

W (NM): OK. Nós lemos que o Blackhour foi criado em 2007 para criar consciência entre a juventude paquistanesa. Vocês podem falar um pouco sobre isso?

TR: OK, quando nós começamos, não havia cena de metal por aqui, então quando essa banda foi formada, ela queria revolucionar a cena musical, para criar consciência sobre o metal no Paquistão, então com o tempo ela fez o seu trabalho, e nós temos uma comunidade muito maior ao redor de nós, graças a nós, e muitas outras bandas de metal dessa cidade e de outras cidades. Então essa foi a principal coisa que nós trabalhamos, e outra coisa que nós queríamos fazer, em relação à conscientização, você sabe que o Paquistão teve muitas disputas políticas ultimamente, então nós queríamos tirar as pessoas disso, para uma sensação de poder, de ter controle da situação, não depender somente do governo, então a música “Age of War” sugere que esse mundo é um caos, mas nós precisamos assumir o controle.

HM: E sabe, nós queríamos aumentar a consciência dentro da juventude e passar nossa mensagem em todas as músicas que nós fazemos. Então esse foi o pequeno conceito que nós criamos nas nossas cabeças.

W (DD): E como é a cena de metal e de rock no Paquistão? Vocês tem lugares ou clubes específicos? Existem muitas bandas e shows? Como funcionam as coisas no Paquistão para quem gosta de heavy metal?

HM: As coisas são bem difíceis para o rock e o heavy metal. É difícil achar lugares para se apresentar. Você tem uma plateia pequena para tocar, e os lugares não apoiam muito, eles não ajudam muito, porque poucas pessoas curtem metal, mas há uma plateia pequena que é muito fiel a essa cena de metal. Se você ligar para algumas bandas nessa cidade, ou… Se tiverem 6.000 pessoas, talvez tenham pelo menos 800 pessoas que serão ouvintes de metal. Então nós temos uma comunidade pequena, mas que é muito fiel ao metal. Então as coisas são difíceis aqui, mas ainda assim elas funcionam com essa pequena comunidade que nós temos.

W (NM): Há alguma repressão ou preconceito contra as pessoas que tocam e curtem heavy metal no Paquistão?

HM: Sim, você pode dizer isso. Ele começa na sua própria casa, no seu próprio lar. Seus pais, as vezes eles não aprovam que você toque metal, porque eles não entendem a energia e o poder, eles apenas dizem “Que tipo de barulho você estáf fazendo? Para com essa barulheira.”  E se você tem amigos, que não gostam desse gênero, eles querem que você toque outra coisa. E eu tenho amigos que ouvem R&B e hip hop, que são os principais gêneros aqui atualmente, mais do que o metal americano e o europeu também. Eu fiquei sabendo que as tendências também estão mudando nos Estados Unidos, indo para o R&B e o hip hop, é a mesma coisa aqui. E por outro lado, o metal também é um gênero vital aqui, então nós enfrentamos preconceitos, dificuldades.

Nós realmente estamos querendo atingir o mercado internacional, porque o Paquistão pode fazer muito pouco por nós. A chave é ir para onde está a cena musical. O Blackhour está mirando globalmente, porque esse é o nosso futuro.”

W (DD): Excelente, obrigado. Nós temos uma pergunta clássica no nosso programa, que nós fazemos a todas as pessoas que nós entrevistamos, que é, imagine que você está ouvindo o rádio em uma estação de rock, ou ouvindo seu ipod no shuffle, e de repente começa a tocar uma música que faz com que você perca a cabeça e comece a headbangear imediatamente, não importa onde você esteja, você não consegue se conter, você precisa headbangear. Que música é essa para que nós possamos ouvi-la no nosso programa agora?

HM: É uma música do Insomnium, “Mortal Share”.

W (DD): Excelente, excelente.

W (NM): Essa é uma escolha da banda toda? É uma música que todo mundo gosta ou só você, Hashim?

HM: Todos nós.

TR: Eu amo essa música, eu não me importo.

W (NM): Excelente. Hashim e pessoal, quais você consideraria serem as maiores influências que vocês têm quando escrevem músicas?

HM: Por mim, especialmente, é o Iron Maiden. Em 2007, quando eu comecei a banda, eu… Eu comecei a tocar guitarra por causa do Iron Maiden, eu sou um grande fã do Janick Gers, então o que quer que ele faça eu tento reproduzir no palco também. O Maiden me inspirou muito, e o modo como eles produzem as suas faixas melódicas, e o modo como o heavy metal é, de uma forma, muito melódico, então nós também tentamos fazer isso no Blackhour, nós queremos isso, nós queremos fazer com que nossas músicas sejam muito melódicas, e nós queremos músicas que realmente toquem o coração das pessoas, que elas possam headbangear, ou pular, ou fazer o que elas quiserem fazer. Então para mim, principalmente, é essa a inspiração, eu tento colocar isso nas minhas músicas, nas nossas músicas.

W (DD): Excelente, então Hashim, você gira a guitarra como o Janick Gers?

HM: Sim, eu faço isso muito.

W (DD): Muito bom. Excelente.

HM: Eu até tenho um vídeo, eu estava fazendo uma coisa com a guitarra, um giro 360 graus, e eu estava praticando, e eu errei e a guitarra caiu no chão, se espatifou. Depois eu mandei concertar.

W (DD): Então o que você pode nos falar sobre a quantidade de informação que vocês recebem sobre os últimos lançamentos e bandas… Qual é a principal fonte para vocês no Paquistão ouvirem música?

HM: A internet é. YouTube.

Daim Mahmood: Basicamente, sabe, no geral, eu diria que o YouTube é o maior promotor de todas as músicas, porque você pode facilmente postar as suas músicas e analisar como elas estão, acessar a mídia social e tudo mais.

W (DD): Então a internet não é limitada no Paquistão, certo?

DM: Não, não é, ao contrário, você tem muita música nova, muitas formas de explorar através da internet.

W (NM): Então eu espero que vocês possam ouvir o nosso programa na internet, vai ser incrível ter vocês como ouvintes.

HM: Sim, definitivamente.

W (DD): Vocês assistiram ao filme “Heavy Metal in Baghdad”? E se sim, vocês poderiam nos falar se vocês se relacionam com esses caras?

HM: É um documentário, certo?

W (NM): Sim.

HM: Eu vi um documentário no NatGeo uma vez, mas eu apenas assisti a parte final. Ele mostrava a luta de outras bandas, mas eu perdi… Eu não vi.

TR: Há um outro documentário de um antropólogo que viajou pelo mundo procurando bandas de metal…

W (DD): Sam Dunn?

TR: Sim

W (NM): “Global Metal”?

TR: Sim. “Global Metal”.

W (DD): Sim, nós entrevistamos ele e fizemos dois episódios sobre ele, e ele foi muito simpático.

W (NM): Você pode ouvir os episódios dele no nosso site também.

TR: Legal, vamos conferir.

Eu comecei a tocar guitarra por causa do Iron Maiden, eu sou um grande fã do Janick Gers, então o que quer que ele faça eu tento reproduzir no palco também.”

W (DD): Legal. Vocês recentemente lançaram um álbum excelente “Age of War”. Como está sendo a recepção do álbum e como as pessoas podem comprar o seu álbum?

HM: As pessoas podem comprá-lo no iTunes e no Amazon, e eu posso passar os links para ajudar. Mas fora isso, o álbum no Paquistão está indo bem e mal. O que acontece é que poucos paquistaneses ouvem metal. Então há poucos ouvintes desse tipo de música. Então nós meio que fizemos o álbum nós mesmo, nós o lançamos no mercado, nós o promovemos. Nós divulgamos o álbum literalmente para todas as pessoas que nós conhecemos. Então eu diria que nós fizemos um bom trabalho, mas se nós tivéssemos um canal ou uma gravadora, então teria ido mais longe, eu acredito. Mas como esse não era o caso, nós tínhamos recursos limitados.

TR: Internacionalmente ele está fazendo mais sucesso.

HM: Sim, internacionalmente ele está fazendo mais sucesso do que no Paquistão. Na Alemanha, Polônia…

W (NM): Você pode escolher uma música de vocês, que vocês tenham muito orgulho de ter escrito, para que nós possamos ouvi-la no nosso programa agora?

HM: Eu escolheria três músicas: “Suicide and Comfort”, “Crucifix” e “Age of War”… “Crucifix”!

W (NM): Crucifix, do Blackhour, no Wikimetal.

W (DD): Pessoal, se vocês tivessem que escolher os seus top três guitarristas, Hashim, quem você escolheria, fora o Janick Gers?

HM: Agora ficou difícil. Eu diria o Slash. Janick, Slash e… Eu também gosto do Petrucci. Sim, Janick, Petrucci e Slash, mas o Janick está no topo por causa do jeito… Por causa do que ele consegue fazer com a guitarra.

W (DD): É um trio excelente, certo? Janick, Petrucci e Slash. Muito bom.

HM: Sim.

W (Rafael Masini): Oi, Hashim, eu sou o Rafael. Eu tenho duas perguntas para você: você conhece alguma banda brasileira de heavy metal?

DM: Sim, o Sepultura… “Roots Bloody Roots”

W (NM): Nós vamos falar para eles que vocês os mencionaram. Eles vão ficar muito feliz.

W (RM): Então agora quais são os planos para o futuro do Blackhour?

HM: Sucesso global e internacional. Nós realmente estamos querendo atingir o mercado internacional, porque o Paquistão pode fazer muito pouco por nós. A chave é ir para onde está a cena musical. Nós estamos tentar mudar isso, mas nós queremos atingir os países europeus, e, sabe, o Brasil. Nós até recebemos uma oferta de tocar na Índia, mas no momento nós estamos mal financeiramente, então não podemos fazer isso. Mas eu tenho certeza de que no futuro nós poderemos. Mas o Blackhour está mirando globalmente, porque esse é o nosso futuro.

TR: Nós queremos trilhar nosso caminho pela mídia social.

W (DD): Muito bom, muito bom. Nós estamos quase terminando a nossa entrevista, então antes de vocês irem, vocês poderiam deixar uma última mensagem para os ouvintes brasileiros, por favor?

HM: Sim, promovam o Blackhour no Brasil, e apoiem o metal e se mantenham fiel ao metal.

TR: Ouçam o nosso álbum e comprem o nosso álbum no iTunes, se chama “Age of War”, do Blackhour.

DM: E obrigado, Wikimetal.

HM: E eu espero que um dia nós possamos tocar no seu país maravilhoso, especialmente no Rock In Rio, nesses lugares. Nós sonhamos em tocar aí.

W (NM): E eu realmente gostaria de agradecer vocês e parabenizá-los por acreditar no metal, acreditar na sua música, e eu quero agradecê-los pela sua coragem, e dizer que nós queremos apoiar vocês e todo o heavy metal ao redor do mundo. Eu acho que o heavy metal é a único tipo de música que faz com que as pessoas se unam e busquem um mundo melhor, então eu desejo tudo de melhor para vocês no futuro, e contem com o Wikimetal para promover sua grande banda, Blackhour.

HM: Muito obrigado. Nós gostaríamos de agradecê-los por nos receber nesse programa.

W (DD): Nós estamos muito felizes e orgulhosos de receber pessoas do mundo todo batalhando e tentando contribuir para a cena de heavy metal. E nós sabemos que o heavy metal tem que lutar contra todo mundo, e não é fácil em nenhum lugar do mundo, então muito obrigado por apoiar esse tipo de música.

HM: Obrigado.

W (NM): Tudo de bom, pessoal, boa sorte!

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