Por Gabriel Mendes e Murilo Henrique

Feriado chuvoso não impediu que o público entrasse em transe no Fabrique

Se o mundo estivesse próximo do fim e essa sensação pudesse se traduzir em uma situação do universo que conhecemos, seria um show do Daughters. Apesar de parecer algo horrível, a atmosfera presente na apresentação chega de forma revigorante e cheia de energia.  Uma energia que gera correntes elétricas em torno do corpo, te faz sentir vivo.

O Fantano descreveu precisamente o som de You Won’t Get What You Want como “a sensação de ser esfaqueado só que por um som”, já o show da banda potencializa ainda mais essa sensação, numa combinação de violência e hipnose. A banda te convida para sentir o caos que existe em cada um de nós, e sem nenhum tipo de julgamento, é um espaço de expressão livre e espontânea.

Ao decorrer da apresentação, os fãs mais tímidos que enfrentaram um domingo chuvoso (e dia das mães) em São Paulo para assistir o Daughters e inicialmente viram de lugares mais afastados do palco, começaram a vir correndo de forma alucinante conforme o tempo passava e a intensidade crescia. Era como se os cinco músicos de fato hipnotizassem a audiência e a atraíssem numa crescente ininterrupta até o fim, mais e mais pessoas queriam ter a experiência daquela sensação de perto.

Vale ressaltar a equalização de som excelente do Fabrique, a banda quebrou tudo (literalmente) no palco e ainda era possível ouvir nitidamente todos os instrumentos. Um amigo resumiu o show como “sentimentos obscuros tirados das piores gavetas da consciência” e contou que ficou paralisado durante toda a apresentação.

O frontman Alexis S.F. Marshall toca, abraça, beija, lambe a mão e passa no corpo, tira a roupa, e cria uma relação com o público ao longo da apresentação que transcende o físico. Algumas músicas de discos anteriores integraram o setlist e funcionaram muito bem com as atuais, singles como “The Hit” e “The Dead Singer” empolgaram os fãs mais antigos.

O Daughters se recusa a intercalar a energia do som entre altos e baixos, inclusive “baixo” é uma das palavras que não fazem parte do dicionário do grupo. A energia, volume e intensidade só aumentam, até acabar. No fim, as luzes se apagaram e o público simplesmente virou as costas para o palco e se dirigiu a saída, como se nada mais fosse necessário, afinal de contas, tudo já havia sido deixado ali.

Confira a setlist do show e as fotos por Rafael Andres:

“The Reason They Hate Me”

“The Lords Song”

“Satan in the Wait”

“The Dead Singer”

“Recorded Inside a Pyramid”

“Our Queens (One Is Many, Many Are One)”

“Long Road, No Turns”

“Daughters Spelled Wrong”

“Less Sex”

“The Hit”

“The Virgin”

“Guest House”

“Daughter”

“Ocean Song”

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